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Há diversas origens possíveis para o Carnaval, que remontam a 10 mil anos antes de Cristo, segundo alguns autores. A palavra "carnaval" pode ter surgido a partir da expressão latina "carrum novalis", com a qual os romanos abriam seus festejos, ou da palavra "carnelevale", do dialeto milanês, cujo significado é "adeus à carne", uma alusão ao início da Quaresma. Atualmente, o Carnaval quase desapareceu da Europa, onde já teve grande importância em vários lugares.

Também pode ter suas raízes nas Saturnálias, manifestação popular anterior à Era Cristã iniciada na Itália. Baco (deus do vinho) e Momo (deus dos escritores e poetas), divindades da mitologia greco-romana, dividiam as honras dos festejos que aconteciam nos meses de novembro e dezembro.

Durante as comemorações em Roma, acontecia uma aparente quebra da hierarquia social, já que escravos, filósofos e tribunos se misturavam em praça pública. Na época, ocorriam verdadeiros bacanais.

No início da Era Cristã, por determinação da Igreja Católica, esses festejos, considerados mundanos, apenas deveriam ser realizados antes da Quaresma. Assim, os italianos adotaram a palavra "carnevale", sugerindo que seria possível fazer Carnaval, ou o que passasse pelas suas cabeças, antes da Quaresma, numa espécie de abuso da carne.

Em 590 depois de Cristo, o Papa Gregório I, o Grande, marca, em definitivo, a data do Carnaval no calendário eclesiástico. Em 1494, pouco depois da invenção da imprensa por Gutenberg e pouco antes da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, o papa Paulo II passou a incentivar o evento. Em 1582, outro papa, Gregório XIII, reformou o calendário juliano e criou o calendário gregoriano, que, até hoje, define as datas da grande festa.

O Carnaval é considerado uma das maiores manifestações da cultura popular do Brasil. É um misto de folguedo, festa e espetáculo teatral, que envolve arte e folclore.

Carnaval português

O Carnaval de Portugal, que foi levado às colônias daquele país (inclusive o Brasil), sempre teve características bem diferentes do realizado em outros locais da Europa. Foi reconhecido, até mesmo por autores portugueses, como uma festa cujas características principais eram a sujeira e a violência.

No Brasil, o Carnaval surge em 1723, com a chegada de imigrantes portugueses vindos da Ilha da Madeira e dos arquipélago dos Açores e de Cabo Verde. As festividades brasileiras, chamadas de entrudo (palavra de origem latina que significa "entrada"), eram semelhantes às que ocorriam no território português. Eram marcadas por espécies de lutas, nas quais se utilizavam como armas ovos, caroços de milho e feijão, recipientes com água de cheiro e outros objetos.

O primeiro baile de Carnaval ocorreu em 1840, no Rio de Janeiro. Em 1852, surgiu o Zé Pereira, grupo cujos integrantes, usando bumbos e tambores, saíam às ruas animando o Carnaval. Em seguida, apareceram outros instrumentos, como cuícas, tamborins e pandeiros.

Em 1855, surgiram os primeiros grandes clubes carnavalescos: as Grandes Sociedades. Esses clubes não se reuniam apenas para a folia, pois também estavam ligados a movimentos cívicos. Com sua organização e seus carros alegóricos, foram os precursores do Carnaval organizado dos dias atuais. Naquela época, a festa ainda tinha um estilo muito europeu, que foi gradualmente evoluindo e se abrasileirando.

Em 1907, nasce o corso, um desfile de automóveis que se constituiu em uma das principais atrações do Carnaval carioca durante as primeiras décadas do século XX. Os cordões (grupos de foliões mascarados com feições de velhos, palhaços, diabos, reis, rainhas, índios, baianas, entre outros, que eram conduzidos por um mestre obedecendo a um apito de comando) e blocos originaram as escolas de samba, que persistem até os dias atuais.