Secretaria de Cultura


Desfile no Sambão do Povo marca o início do carnaval brasileiro

Antônio Luiz Ribeiro
Panorâmica da Avenida no Carnaval de 2012
Fábio Nunes
Exposição Carnaval 2013

Na Capital, o desfile das escolas de samba acontece na quinta, sexta e sábado da semana anterior ao Carnaval oficial. A preparação do evento é feita pela Prefeitura de Vitória em parceira com a Liga Espírito-Santense das Escolas de Samba (Lieses). Pelo Sambão do Povo, situado no bairro Mário Cypreste, passam escolas da capital e de outros municípios da Região Metropolitana. São elas:

  • Andaraí

    Em 01 de dezembro de 1946, nasceu o Grêmio Esportivo Andaraí Futebol Clube. No ano seguinte, o time de futebol se transformou num bloco carnavalesco, que recebeu a denominação de Batucada Andaraí e que adotou as cores azul e branca. Em 1973, passou a ser chamado Grêmio Carnavalesco Bloco Andaraí.

    Mais tarde, em 16 de abril de 1975, o bloco chegou à condição de escola de samba, uma representante dos moradores do bairro Santa Martha e região. Tendo a Estação Primeira de Mangueira como madrinha, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Andaraí fez do verde e do rosa suas cores.

    Apesar de ter adquirido a característica de escola apenas em 1975, o grupo carnavalesco Andaraí foi sempre considerado parte da folia capixaba. Na época dos concorridos desfiles de batucadas, trazia um enredo com motivos relacionados ao Espírito Santo em todas as ocasiões, mostrando as potencialidades do estado.

  • Boa Vista

    Em 14 de outubro de 1975, nasceu, na cidade de Cariacica, o bloco que, mais tarde, seria transformado na escola de samba Independente de Boa Vista. A escola desfilou no primeiro grupo, em 1984, com o enredo "O festejar da natureza". Em 1985, com "O Carnaval é um jogo de bicho", foi rebaixada para o segundo grupo. Retornaria ao primeiro grupo das escolas capixabas três anos depois.

    Após a interrupção dos desfiles, iniciada em 1993, a Independente de Boa Vista retorna em 1998, com o enredo "Quem viver, verá". Com a volta dos desfiles competitivos em 2002, a escola atravessa o Sambão do Povo ao som de "O Congo e o Jongo, o mais capixaba dos enredos" e conquista a sexta colocação.

    Nos anos posteriores, a agremiação enfrentou momentos difíceis, mas conseguiu se manter no grupo principal. O esforço foi recompensado graças aos resultados obtidos nos desfiles seguintes. Nos anos de 2012 e 2014 a Boa Vista foi a grande campeã do Carnaval de Vitória.

  • Chegou o que Faltava

    A agremiação Chegou o que Faltava tem sua origem no Bloco do Hi-Fi, criado em 1973. Três anos depois, o grupo passou a desfilar no Carnaval de Vitória como Bloco Chegou o que Faltava e, em 1984, apresentou-se como escola de samba no primeiro grupo, com o enredo "Forrobodó, uma festa nordestina".

    A perda de pontos excessiva nos anos de 2002 e 2003 fez com que a escola fosse suspensa dos desfiles. De volta em 2005, prometia brincar o Carnaval com um enredo irreverente e satirizado: "Quem ri por último ri melhor".

    Contudo a exibição de 2005, apesar de empolgar o público, não se apresentou dentro do regulamento, e a Chegou o que Faltava ficou com uma das menores pontuações de sua história. Para fazer o melhor, a escola renovou sua diretoria e vem trabalhando no sentido de unir todos os blocos que desfilam na zona norte da capital.

  • Imperatriz do Forte

    A escola de samba Imperatriz do Forte foi fundada em 15 de dezembro de 1972, no Forte São João. No ano seguinte, em sua primeira participação, desfilou como estagiária, ou seja, sem verba e não concorrendo a prêmios. A escola se valeu da mobilização da comunidade e de um livro de ouro para colocar seus componentes na passarela. O desfile oficial ocorreu em 1974, ao som do enredo "Lendas do Apiacá".

    De 1993 a 1997, não houve desfile. Algumas escolas retornaram em 1998, mas a Imperatriz só voltaria em 1999, com o enredo "A Festa do Senhor do Bonfim". Em 2002, com "Batalhas e Vitórias - Saldanha - 100 anos de glórias", a escola ficou em terceiro lugar (havia apenas um grupo).

    "De porto em porto, Vitória do Espírito Santo", foi o enredo de 2003. A agremiação enfrentou problemas com seus carros alegóricos, o que prejudicou sua evolução e harmonia, porém seu samba fez com que o desfile fosse muito aplaudido e a escola conquistasse o quinto lugar no único grupo existente.

  • Mocidade Unida da Glória

    A Mocidade Unida da Glória (MUG), escola de samba de Vila Velha, surgiu em 09 de agosto de 1980. Seu alicerce foi um bloco carnavalesco fundado por um grupo de amigos jogadores de futebol do time Leão Glória. Esse bloco era chamado Calção Vermelho, já que seus componentes desfilavam da Glória até o centro de Vila Velha trajando somente calções e com essa cor.

    Já como escola de samba, a MUG iniciou suas atividades desfilando apenas no Centro de Vila Velha. Lá, saiu vitoriosa nos anos de 1981, 1982, 1983 e 1984.

    Também em 1984, desfilou em Vitória, no segundo grupo, com o enredo "No reino onde chorar é proibido". Campeã, ascendeu ao grupo principal. Contudo, em 1985, foi rebaixada com "Raízes da História de uma civilização". No Carnaval de 1986, ao som de "Quem te viu, quem TV", foi bicampeã no segundo grupo, o que permitiu o retorno ao primeiro, no qual conquistou o vice-campeonato em 1990, com "Do Sonho à Fantasia".

    Em 1992, um incêndio destruiu o barracão da MUG, impedindo-a de desfilar. Seus componentes voltaram a pisar na avenida, no Carnaval de 2002 , após a interrupção dos desfiles e com a volta da competição entre as escolas. Naquele ano, foi vice-campeã (um grupo reunia todas as escolas de samba), tendo como fundo musical "O Renascer das Cinzas". A última vitória da MUG foi no ano de 2013.

  • Novo Império

    Sediada no bairro Caratoíra, a Novo Império é uma das mais antigas escolas de samba do Espírito Santo. Fundada em 20 de dezembro de 1956, com o nome de Império da Vila, adotou a denominação atual na década de 1970.

    Em 1964, a escola parou de se apresentar por discordar dos critérios adotados no desfile e retornou em 1973, na condição de estagiária. "Esplendor da natureza" era seu enredo no Carnaval de 1978, quando alcançou sua primeira vitória. Foi a primeira colocada também nos anos de 1980 ("O incrível reino da fantasia") e 1985 ("De lá pra cá").

    Após a interrupção nos desfiles, a agremiação volta a pisar na avenida em 1998. Seu enredo naquele ano foi "Rei Zulu". Em 2002, obteve o quinto lugar, com "Ouro Negro e o turismo em terras capixabas". Embalada pelo enredo "Uma Cidade Presépio que se chama Vitória", a escola conquistou o vice-campeonato em 2003.

  • Pega no Samba

    A origem da escola Pega no Samba está num bloco carnavalesco fundado em 28 de janeiro de 1976. Antes de se tornar bloco organizado, o Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Pega no Samba era conhecido no bairro da Consolação, Vitória, como Bloco Pega Tudo. Nessa época, os homens saíam às ruas vestidos de mulher, batendo lata e arrastando a multidão.

    Em 12 de fevereiro de 1982, surge oficialmente a escola Pega no Samba integrando o segundo grupo. Nesse mesmo ano, conquistou o título de campeã com o enredo "Sonho Infantil". Em 2005, conseguiu o quarto lugar (só havia um grupo no desfile).

    No ano de 2007, a Pega no Samba disputou no segundo grupo. Com a reedição do samba enredo "Tipos populares de Vitória", a agremiação foi a primeira colocada, retornando ao grupo principal.

  • Rosas de Ouro

    A escola de samba Rosas de Ouro foi fundada em 15 de novembro de 1984, em Serra Dourada III, a partir de um grupo que resolveu desenvolver o samba no município de Serra. Após uma reunião com o time de futebol do bairro, chamado de Galo de Ouro, o grupo optou pelo nome Rosas de Ouro.

    A estreia da agremiação no Carnaval capixaba aconteceu em 1985, quando foi campeã, repetindo a vitória nos anos de 1987 e 1989. Todos esses títulos foram conquistados no segundo grupo.

    Em 2006, a Rosas de Ouro alcançou o vice-campeonato no primeiro grupo da Liga Capixaba das Escolas de Samba (Lices), hoje denominada Liga Espírito-Santense das Escolas de Samba (Lieses).

  • São Torquato

    Sediada no tradicional bairro de São Torquato, em Vila Velha, a escola de samba Grêmio Recreativo Independentes de São Torquato, cinco vezes campeã no Carnaval capixaba, foi a primeira a levar os grandes carros para a avenida. A agremiação surgiu do Bloco Caveira, fundado no início dos anos 50. Em 1974, o bloco se tornou uma escola de samba e adotou o nome atual após ter sido campeão tanto no concurso oficial de blocos de Vitória, quanto no concurso de Vila Velha.

    Em 1975, concorrendo pela primeira vez, a escola obteve o quarto lugar com o enredo "Exaltação a Pedro Nolasco", uma homenagem ao idealizador da estrada de ferro Vitória a Minas. Em 1979, ela conquista o vice-campeonato com "Exaltação aos signos do zodíaco".

    Em 1981, a São Torquato chega à sua primeira vitória, com o enredo "Festas e folguedos populares do Brasil", dividindo o título com a escola de samba Mocidade da Praia. Em 1982, é bicampeã com o enredo "Liberdade, liberdade Brasil" e, no ano seguinte, conquista o tricampeonato com "Brasil, terra da gente". "Sinfonia de um espectro" foi o enredo de 1991, ano em que a escola obteve mais uma vitória. Em 1992, a São Torquato se torna novamente campeã ao som de "A hora e a vez na terra do descaso".

    Em 1998, depois de cinco anos sem desfile, algumas escolas voltam a pisar na avenida. Contudo, somente em 2005, a São Torquato retorna com o enredo "Respeitável público, sua majestade o Grêmio Recreativo Escola de Samba Independentes de São Torquato no Carnaval ".

  • Tradição Serrana

    Por volta de 1998, depois de uma partida de futebol, um grupo de amigos do bairro Feu Rosa, na Serra, cantarolavam num barzinho, quando veio a ideia de criar um bloco carnavalesco. Reuniram-se na residência do sambista Mário Ferreira Mendes, o popular "Mário do Pega", e fundaram o bloco Tradição do Samba.

    Além de promover festas, outro objetivo do Tradição do Samba era participar de atividades carnavalescas representando o município de Serra de forma organizada.

    Mesmo sem ajuda dos órgãos públicos, o bloco desfilou por vários anos no Carnaval capixaba e conquistou o vice-campeonato em 1997.

    Com o passar do tempo, foi ganhando a adesão da comunidade e atingindo maiores proporções. Por isso, em reunião extraordinária, os dirigentes transformaram, em 2000, o bloco em escola de samba, que recebeu o nome de Grêmio Recreativo e Cultural Escola de Samba Tradição Serrana.

    Nos anos de 2003 e 2004, a agremiação não desfilou, mas, ao retornar em 2005, não mais saiu da avenida.

  • Unidos da Piedade

    O Grêmio Recreativo Unidos da Piedade, uma das mais antigas escolas de samba do Estado, surgiu em 15 de janeiro de 1955, na Fonte Grande, em Vitória. Foi constituído para realizar festas carnavalescas, oferecer bailes aos seus associados, realizar ensaios, estimular a prática de esportes educativos e organizar reuniões de caráter social e familiar. A escola obtém fundos por meio de espetáculos, sorteios e outras atividades.

    A participação em desfiles abre possibilidades para inúmeras ações educativas e promotoras de atividades remuneradas para crianças, jovens, adultos e idosos residentes nos morros da Fonte Grande, Moscoso, Rosário e em outros locais que abrigam associados e admiradores da escola. Portanto, suas iniciativas buscam contribuir no sentido da inclusão social.

  • Unidos de Barreiros

    Por volta de 1963, foi criado em São Cristóvão, bairro situado na região da Grande Maruípe, o bloco Barreiros. São Cristóvão estava localizado numa fazenda cujas estradas não possuíam calçamento, por isso a escolha do nome.

    O crescimento comercial e populacional fez com que o bairro e o bloco passassem por uma expansão. Assim, em 1972, o Barreiros fez seu primeiro desfile oficial na avenida Princesa Isabel, no Centro de Vitória, trazendo as mais tradicionais personalidades de São Cristóvão. Dez anos depois, foi transformado em escola de samba.

    A Unidos de Barreiros teve altos e baixos em sua trajetória como escola de samba. Em 1987, na estreia do Sambão do Povo, desfilou no primeiro grupo, com o enredo "ABC do samba", mas foi rebaixada, permanecendo no segundo grupo até 1992.

    Veio a interrupção dos desfiles, e a Unidos volta a se apresentar em 2000, com o enredo "De Conquistas, belezas e glórias, eu amo Vitória!". Em 2002, houve o retorno dos desfiles competitivos, e a escola ficou em oitavo lugar (só havia um grupo), com "Hélio Dórea - gente bacana", em homenagem ao jornalista baiano.

  • Unidos de Jucutuquara

    O bloco Unidos de Jucutuquara nasceu em 29 de janeiro de 1972. No começo, não havia enredo, e os integrantes (só homens) saíam de tamanco. Depois a fantasia oficial foi a de pescador. Com o decorrer do tempo, o Unidos incluiu outras vestimentas e recebeu mulheres como componentes.

    A partir de 1980, o bloco começa a participar dos concursos promovidos pela Prefeitura de Vitória, sendo campeão por cinco anos consecutivos. A Prefeitura sugeriu, então, que o bloco virasse escola de samba, o que aconteceu em 1986.

    Em 1987, no seu primeiro desfile como escola de samba e com o enredo "Debutei! Saudades do meu bloco", a Unidos de Jucutuquara foi a campeã do segundo grupo e ascendeu ao primeiro. Conquistou o título de campeã do primeiro grupo nos anos de 1990 ("Na mistura da torta, a nossa mistura" ), 2002 ("Da escuridão à luz... a noite, seus encantos e mistérios"), 2004 ("Quantos mais caminhos houver, mais descaminhos haverá!"), 2006 ("Os tambores de Jucutuquara soam nas terras dos botocudos. Linhares, a joia do Rio Doce"), 2007 ("Caparaó capixaba, os encantos da montanha sagrada"), 2008 ("De Vitória à Samotrácia: um canto de vitórias") e 2009 ("Convento da Penha: o relicário de um povo").

Embora as regras dos desfiles sofram alterações, geralmente as agremiações são reunidas em dois grupos: as melhores colocadas integram o Grupo Especial, dividido em A e B, e as restantes ficam no Grupo de Acesso. Além do prestígio, as escolas melhor classificadas ganham uma porcentagem maior da quantia arrecadada pela Lieses em publicidade.

As agremiações entram na avenida na ordem definida pela Liga por meio de sorteio. Ao longo do percurso, elas são avaliadas por uma comissão julgadora, que é formada por capixabas e pessoas de outros estados. São examinados os critérios estabelecidos para cada um dos quesitos (bateria, samba-enredo, melodia, entre outros).

Tradição começou com os blocos

O primeiro desfile de blocos de Vitória ocorreu mais ou menos na década de 50. Os blocos, alguns anos depois, originariam as primeiras escolas de samba da região metropolitana. No início, os desfiles eram realizados nas avenidas Nossa Senhora da Penha (Reta da Penha), Jerônimo Monteiro e Princesa Isabel. Com a inauguração, em 1987, do Sambão do Povo, o local passa a abrigar as apresentações.

Em 1993, as escolas decidiram não realizar o desfile em protesto pela falta de apoio do poder público, iniciando uma paralisação que duraria cinco anos. Então, em 1998, algumas voltam a desfilar de forma não competitiva, mas na avenida Jerônimo Monteiro, já que a estrutura do Sambão não estava satisfatória. Até 2001, houve desfile, porém não havia competição. Em 2002, ele volta a ser realizado no Sambão do Povo, envolvendo a disputa entre as agremiações.

Última atualização pela SEMC em 10/10/2024, às 17h50

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