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Planetário deixa o céu ao alcance das mãos das pessoas com deficiência
Publicada em 19/09/2014, às 16h34
Por Carmem Tristão, com edição de Matheus Thebaldi
O terreno irregular das crateras da lua nas pontas dos dedos, a Ursa Maior na palma da mão, a textura do centro da Terra a apenas um toque e o céu ao alcance das mãos. Em Vitória, quem não pode enxergar o céu agora pode senti-lo.
Nesta segunda-feira (22), às 16 horas, o Planetário de Vitória vai dar início a sessões para pessoas com deficiência. A acessibilidade do conhecimento por meio do toque vai revelar o fantástico mundo da astronomia para muita gente.
Para o atendimento às pessoas com deficiência visual e baixa visão, a equipe do Planetário de Vitória e a professora especializada Rosane Corradi Tristão desenvolveram vários materiais didáticos exclusivos.
"Esses conteúdos precisaram ser adaptados para que cegos e deficientes visuais pudessem acompanhar a sessão junto de quem é vidente. O maior desafio foi adaptar as informações sobre astronomia que são projetadas no teto da cúpula e no teatro de sombras em objetos táteis, para que o conhecimento fosse acessível às pessoas com deficiência visual", contou a professora.
Inclusão
"A ideia é tornar a astronomia uma ciência acessível às pessoas com deficiência, desmistificando o conceito de que planetários são espaços voltados apenas a pessoas videntes. Para isso, vamos utilizar material adaptado, proporcionando maior assimilação do conteúdo por parte dos visitantes, facilitando a compreensão e a aprendizagem", disse o diretor do Planetário de Vitória, José Arlon Silva.
A secretária municipal de Educação, Adriana Sperandio, destacou o processo de inclusão que a ferramenta permite. "Aqueles que enxergam e os que não enxergam estarão na mesma sessão, com conteúdo acessível à necessidade apresentada. Uns descobrem os encantos da astronomia em cores, outros, de maneira tátil", afirmou.
Ela completou: "O objetivo do Planetário é popularizar a astronomia e a ciência. Portanto, já era tempo de proporcionar acessibilidade também de conteúdo e conhecimento para a sociedade, e não apenas de locomoção. Estamos todos muito orgulhosos com a entrega, pois estamos assegurando a todos a igualdade de condições para o acesso ao conhecimento científico sobre astronomia", disse.
Viagem
Da adaptação pedagógica dos capítulos 3 e 4 do livro "As Estrelas e o Telescópio", do escritor Monteiro Lobato, nasceu a projeção "Viagem ao Céu de Monteiro Lobato". Na estorinha, os personagens do Sítio do Picapau Amarelo fazem uma viagem que passa pela Lua, Sol, Marte, Saturno e pela Via-Láctea. No roteiro, também constam a utilização do telescópio, explicações sobre Galileu (inventor da luneta astronômica) e também sobre o volume, a superfície e a gravidade da Lua.
Objetos táteis
Os participantes da sessão terão acesso a um livro tátil para pessoas com deficiência visual; um livro adaptado para pessoas com baixa visão (ambos inspirados na sessão "Viagem ao Céu"); dois painéis táteis em alto-relevo e em alto-contraste visual, explicando as fases da Lua; cinco placas em alto-relevo representando a evolução tectônica do planeta Terra; dois globos táteis, um com os continentes da Terra em alto-relevo e outro com o interior do planeta; uma caixa simulando o nascer e o pôr do Sol (dia e noite); um biombo onde o Teatro de Sombras é apresentado e a sessão de planetário “Viagem ao Céu”, que teve a sonorização adaptada a partir dos conceitos de áudio-descrição.
Teatro de sombras
Alto-contraste é especialmente importante para pessoas que possuem baixa visão. Dessa necessidade nasceu o teatro de sombras, realizado no decorrer da projeção com fantoches feitos de MDF, representando os personagens do Sítio do Picapau Amarelo, sendo executado por monitores que manipulam os personagens simultaneamente à narração da história, em áudio.
Esse teatro de sombras acontece em um biombo, com uma tela branca que permite, por meio de uma luminosidade, a visualização com efeito de sombra dos personagens da história. Os participantes podem se aproximar do biombo para obter melhor visualização da história, devido às formas e contrastes bem definidos que a luminosidade provoca sobre os personagens.
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