Prefeitura de Vitória

"Sou daqui e sempre admirei a beleza desse teatro, mas nunca tive a oportunidade de entrar. Hoje estou aqui para receber o primeiro diploma da minha vida". Esse foi o relato emocionado do auxiliar de cozinha Cristiano Alves de Oliveira, de 28 anos, que foi um dos 160 participantes do projeto Vitória Alfabetizada que receberam no Theatro Carlos Gomes, no Centro, o diploma de alfabetização, na noite desta segunda-feira (18).

O diploma foi entregue pelo prefeito de Vitória, Luciano Rezende, que declarou: "Ensinar alguém a ler e a escrever é dar oportunidade de transformar a própria vida. Isso é tão importante que vai fazer com que vocês ganhem novos horizontes, passem a frequentar a modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA) e façam cursos profissionalizantes. Quem começa a ler e a escrever abre as portas diante de si".

E Cristiano confirmou que, realmente, as portas se abriram. "Eu não viajava sozinho. Depois que aprendi a ler e a escrever, eu já fui ao Rio de Janeiro e a São Paulo sem depender de ninguém. Está me ajudando inclusive na minha profissão, porque agora me comunico melhor. Agora, vou frequentar a EJA, vou fazer cursos e vou abrir meu próprio negócio. Quero me aperfeiçoar cada vez mais", revelou.

Ele, que frequentou as aulas do Vitória Alfabetizada na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Neusa Nunes Gonçalves, em Nova Palestina, levou o sobrinho Carlos Daniel, de 11 anos, para acompanhá-lo na cerimônia de formatura. "Nunca me importei em ajudar. Estou muito feliz por meu tio ler e escrever sozinho", disse o garoto.

Vizinhas

Quatro senhorinhas muito animadas e sorridentes chamavam a atenção. Maria José Barbosa, 55 anos, Maria das Graças Oliveira, 63, Leonora Gomes, 77, e Cleinir Silva Leite, 71, são vizinhas, fizeram parte da turma que se reuniu no Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Ana Maria Chaves Colares, em Jardim Camburi, e hoje estão matriculadas na EJA da Emef Adevalni Sysesmundo Ferreira de Azevedo, no mesmo bairro.

"Imagina só que, a essa altura da vida, eu descobri coisas que não conhecia e ainda fiz novas amizades! Anota aí: eu vou terminar a 8ª série", exclamou Maria José.

"Melhor do que aprender a ler e a escrever, aprendi também a matemática. Eu sou salgadeira e nem sei dizer o tamanho da importância que isso tem pra mim. Nunca mais errei nem na receita, nem na conta", revelou Maria das Graças.

Quem estava acompanhando Maria das Graças era a filha Vânia Oliveira da Silva, de 38 anos. "Eu estou com um orgulho que não cabe dentro de mim. Minha mãe criou os filhos, ajuda a criar os netos e, agora, somos nós que a ajudamos a estudar. E sei que ela também está feliz porque não admite faltar aula nenhuma", comemorou Vânia.

"Senti diferença até no meu jeito de ser. Hoje eu sou mais alegre. Minha filha foi quem mais me incentivou. Ela reclamava que eu só cuidava da casa e que eu tinha que sair um pouco. Já que nunca é tarde para começar, apostei e estou feliz", contou Leonora.

"Eu era desanimada demais. À noite então, era com muito custo que conseguiam me tirar do meu sofá. Mas sabe que passei a gostar? Quando o curso acabou, eu fui a primeira a fazer matrícula na EJA e trouxe todo mundo comigo", disse Cleinir.

União

Luís da Conceição, 59 anos, e Edna Chagas de Oliveira, 40, além de casados tornaram-se colegas de sala na Emef Neusa Nunes Gonçalves. Depois de 10 meses frequentando o curso, matricularam-se na mesma escola para frequentar as aulas da EJA.

"Perdi muitas oportunidades na vida porque não sabia ler e escrever. Ainda não é tarde para recomeçar e vou aproveitar todas as boas novas oportunidades que a vida me oferecer", disse Luís.

"A gente perdeu até a vontade de ficar dentro de casa. Eu voltava do serviço cansada e encontrava minha casa arrumada e meu marido esperando para irmos à aula. E foi assim, apoiando um ao outro, que descobrimos o prazer de estudar. Quando o curso acabou, nós percebemos que tinha algo faltando nas nossas vidas. Então tratamos de nos matricular na EJA e agora vamos até o final", revelou Edna.

Transformação

"A maior transformação que a gente pode oferecer a uma pessoa é a educação. Isso é dar a ela capacidade de buscar seus próprios caminhos. Meu orgulho é muito grande nesse momento. Vir aqui entregar a vocês o diploma de alfabetizado é algo que para mim não tem igual. É uma alegria enorme, motivo de satisfação imensa. Eu tenho um profundo respeito por vocês", disse o prefeito Luciano Rezende.

"Este é um momento de extrema importância, já que hoje estão sendo colhidos os resultados dos esforços de cada dia dentro da sala de estudos. Percebemos a cada dia um número cada vez maior de pessoas apropriando-se da condição de leitura e de escrita. E isso é motivo de muita satisfação para nós", comentou a secretária municipal de Educação, Adriana Sperandio.

Projeto

Lançado em julho de 2013, o Vitória Alfabetizada foi criado com o objetivo de garantir a universalização da alfabetização até 2016 de cerca de 4 mil jovens e adultos moradores da capital, prioritariamente na faixa etária produtiva, com idade entre 15 e 59 anos.

Em 2013, o projeto contou com 307 alunos, que formam 17 turmas em 10 bairros de Vitória. Em 2014, já são 204 alunos em 11 turmas de nove bairros diferentes. Os munícipes podem indicar nomes de pessoas que precisam aprender a ler e escrever. Basta preencher O formulário aqui para a equipe entrar em contato.