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Seminário aponta a importância da integração de pessoas com deficiência

Publicada em 29/08/2014, às 17h36

Por Carmem Tristão, com edição de Paula Falcão

Com a colaboração de Janaína Zambelli


Foto Divulgação
Conversando com familiares

“O pulso ainda pulsa e o corpo ainda é pouco. Ainda pulsa, ainda é pouco”. A música dos Titãs, que fala de desigualdade social, abriu o Seminário “Pessoas com deficiência: vidas e políticas na cidade de Vitória”, nesta quinta-feira (28), no auditório da Secretaria Municipal de Educação (Seme). Integração foi a palavra que definiu o evento da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Educação de Jovens e Adultos (EJA) Professor Admardo Serafim de Oliveira, que contou com as presenças do Deputado Estadual Cláudio Vereza (PT) e também de familiares de alunos.

“Em 2014, A escola incorporou a temática “Vitória, cidade educadora” para difusão das informações sobre as políticas sociais do município. Nessa perspectiva, em outros encontros ao longo do ano já foram abordados assuntos como, por exemplo, violência contra mulher e homofobia. Na nossa escola temos um grande número de estudantes que possuem algum tipo de comprometimento ou deficiência. Assim, o objetivo do evento de hoje é abrir mais um canal de diálogo com as famílias e estudantes, para tentar encontrar caminhos para evoluir sempre no quesito educação de qualidade para os alunos”, explicou o diretor da Emef, Carlos Fabian Carvalho.

“As políticas públicas da educação especial estão eternamente em construção. Na medida em que discutimos e refletimos sobre elas, identificamos onde podemos evoluir e melhorar e, como consequência, obter avanços e conquistas. Assim, os direitos vão estar cada mais garantidos e assegurados na nossa sociedade”, relatou a secretária de educação, Adriana Sperandio.

“O que precisamos hoje é de quebra de paradigmas, de conceitos. Hoje, vivemos em um mundo onde há bastante competitividade, qualidade e produtividade, tudo permeado pela correria. Ninguém tem tempo para nada. Muitas vezes, nem para si mesmo. Porém, é necessário mudar o olhar. Todos nós devemos tirar um pouco do nosso tempo para dar atenção para as pessoas com deficiência, entender um pouco mais sobre seu mundo, suas dificuldades, com vistas a identificar o que pode ser realizado para melhorar a rotina do próximo, não só do ponto de vista do conforto, mas também na busca por uma vida plena e normal”, relatou o Deputado Estadual Cláudio Vereza (PT).

Atividades


Dizem que falar é fácil. Por isso, os organizadores do seminário surpreenderam a todos ao sugerir que os participantes se colocassem no “lugar do outro”. Ou seja, a mensagem de abertura do encontro aconteceu em Libras e sem intérprete, quem enxerga foi convidado a locomover-se utilizando um tapa-olho, quem ouve foi desafiado a estabelecer uma conversa com um surdo que só fala em Libras, ou então usou ataduras nos braços para experimentar como são limitados os movimentos de quem não possui os membros superiores.

Durante o evento também houve apresentação de música, dança, rap e hip hop. Além dos depoimentos dos familiares durante o evento, os participantes puderam conferir cartazes produzidos pelos alunos, com imagens, pinturas e gravuras que abordam a igualdade entre as pessoas.

Relatos


Os participantes puderam ouvir o relato de vida do professor de música da Emef Octacílio Lomba, João Machado, que é cego. “Inspirar a buscar alternativas, soluções e até mesmo superações, atualmente, é o meu dever e fico muito feliz de poder realizar este papel”, disse.

Alberto Leite é surdo, professor de Libras da Emef Adevalni Sysesmundo Ferreira de Azevedo e, acostumado a palestrar para grandes plateias, desta vez compareceu na qualidade de participante. “Eventos como esse são essenciais para a conscientização. São compartilhadas experiências da sociedade, relatos do que acontece no dia a dia e até troca de ideias entre os participantes. Não podemos ocultar esta realidade que está presente de forma tão intensa no nosso cotidiano. Os relatos de vida são importantes para mostrar, reconhecer e criar ideias de melhorias para os demais que possuem ou não algum comprometimento. Inspirar nossos alunos com a superação é algo de grande importância para nós educadores”, contou.

“É a primeira vez que venho em um evento como esse. Ter a oportunidade de participar e vivenciar é muito importante, uma vez que me sinto incentivado a melhorar minhas atitudes diante de colegas com algum comprometimento. Nunca é tarde para aprender e ter a oportunidade de crescer como pessoa e como aluno”, relatou Carleíson Viveiros, de 17 anos, que estuda em uma das turmas da Emef Admardo Serafim de Oliveira no Polo Americano.


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