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Pacientes do Caps AD compartilham histórias em seminário sobre drogas

Publicada em 11/06/2018, às 17h03

Por Giovana Rebuli Santos (girsantoseira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Matheus Thebaldi


André Sobral
Palestra CAPS
Seminário debateu diferentes forças e ações para prevenir o uso de drogas e combater o preconceito contra os usuários

"Um dia eu acordei na rua e me olhei no espelho. Estava daquele jeito, sem banho, com uma garrafa de cachaça do lado e pensei: meu Deus, olha a minha situação! Graças a Deus e aos profissionais de saúde, eu consegui me reerguer. Hoje tenho emprego, presto serviço voluntário num centro de convivência para a terceira idade, moro numa casa e consegui guardar dinheiro pra comprar uma moto", conta Paulo Augusto Costa, de 63 anos, que começou a se tratar da dependência do álcool no Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e outras Drogas (Caps ADIII) - antigo CPTT, em 2002.

Para ouvir essa e outras histórias, dezenas de profissionais da área da saúde, estudantes, lideranças religiosas, pessoas ligadas a movimentos sociais, organizações da sociedade civil e usuários dos serviços relacionados ao tratamento do uso de substâncias psicoativas se encontraram na última sexta-feira (6) no Seminário Estadual de “Política sobre Drogas em Debate”.

O tema do encontro, "As múltiplas faces da Política sobre Drogas no Espírito Santo: resultados possíveis e viáveis", buscou mostrar o lado positivo de histórias cheias de dificuldades.

Música

André Sobral
Palestra CAPS
Lucyen contou que começou a experimentar drogas pesadas por curiosidade, até que conheceu o crack e precisou buscar ajuda

Outro paciente do Caps AD de Vitória que fez questão de participar do evento apresentando sua música foi Lucyen Gomes, 28 anos. Ele contou que começou a experimentar drogas pesadas por curiosidade, até que conheceu o crack e precisou buscar ajuda.

"Eu já havia passado por clínicas de reabilitação e há 7 meses estou no Caps AD. Agora eu estou aprendendo a ser mais centrado, a voltar a gostar de fazer o que eu gostava antes da droga, como tocar, fazer música, praticar esportes, porém de uma forma mais consciente. A droga te deixa ligado apenas nela e você acaba se perdendo, pois, por mais divertido que possa ser no início, o tempo todo ela faz mal pro corpo e pra mente", contou Lucyen.

Reflexão

Para a diretora do Caps AD, Anelise Nunes Gorza, esse tipo de evento é importante para estimular a sociedade a discutir o uso de drogas, pois apenas falando sobre esse assunto é possível tornar as informações mais acessíveis para todos.

"A droga é um tema tabu na nossa sociedade, que finge que o álcool, por exemplo, não é um problema que afeta o trânsito, os hospitais, que faz mal para o fígado, para o rim, o coração... Então é preciso discutir, falar sobre isso. Como nos anos 90 se falou muito do HIV e conseguimos controlar o crescimento de infecções sexualmente transmissíveis e diminuímos o preconceito contra os portadores do vírus. Hoje precisamos falar sobre drogas para prevenir seu uso e combater o preconceito que o usuário de substâncias psicoativas sofre na sociedade".

Atendimento

Atualmente, o Caps AD atende, em média, 230 pessoas por mês e conta com uma equipe técnica ampla e multidisciplinar, formada por médico psiquiatra, médico clinico, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, terapeuta ocupacional, técnico esportivo, musicoterapeuta e arteterapeuta.

O Caps desenvolve ações de atendimento aos familiares, bem como práticas alternativas do cuidado com a saúde, como auticuloterapia, fitoterapia, ioga, meditação e mandalas, além de oficinas terapêuticas e de geração de renda, atendimentos em grupos ou individuais e atendimentos aos familiares.

Os principais objetivos são o tratamento, a reabilitação e a reinserção social dos pacientes com transtornos mentais severos e persistentes decorrentes do uso de substâncias psicoativas.

Endereço
Rua Álvaro Sarlo, 181 - Ilha de Santa Maria. Telefone: (27) 3132-5104. Horário de atendimento ao público externo: de segunda a sexta-feira, das 7h às 22h

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