Prefeitura de Vitória

Líder comunitária, mãe de santo, coveira, parteira, militante de vários movimentos sociais, além de mãe e avó. Mas, acima de tudo, uma representante da força e da identidade de boa parte das mulheres negras do Espírito Santo e, por que não, de todo o Brasil. Assim é Maria Laurinda Adão, tema da exposição "Todas as faces de Maria", que será aberta nesta terça-feria (23), no Museu Capixaba do Negro (Mucane), a partir das 19 horas, dentro da programação da 8ª Primavera dos Museus e do lançamento do Plano Juventude Viva em Vitória.

A exposição apresenta os registros fotográficos realizados com Maria Laurinda nos últimos seis anos e um documentário produzido em 2012 que mostra o dia a dia da caxambuzeira. "A exposição 'Todas as faces de Maria', assim como o documentário e o livro homônimos, são mais uma tentativa de mostrar aos capixabas quem é essa grande mulher, negra sim, mas exemplo para todas as mulheres brasileiras", disse Genildo Coelho, fotógrafo e um dos curadores do trabalho.

"A importância da Maria Laurinda para a cultura negra é de ser estandarte na luta por dias melhores, sem nunca perder a ternura. Ela é mestre de uma expressão que foi declarada patrimônio cultural brasileiro, o Jongo ou Caxambu. Tradição passada pelos seus antecedentes africanos, cujas raízes ela buscou em sua viagem a Moçambique", explica a gerente de espaços culturais da Secretaria Municipal de Cultura (Semc), Aline Miceli.

Inspiração

O fotógrafo Genildo Coelho conheceu Maria no início dos anos 2000, quando realizava um trabalho de mobilização da cultura popular cachoeirense. Durante o trabalho, foi conhecendo as tais faces de Maria: primeiro, a mulher masculinizada da lavoura, depois, a figura vaidosa, com muitos cordões e saia rodada, que organiza sozinha a maior festa da sua comunidade, além da líder espiritual séria e cumpridora das obrigações herdadas de seus antepassados. "Foi amor à primeira vista".

"Maria é uma missionária, aquela que leva boas novas à sua gente. Maria é uma mulher que se descreve não com palavras, mas com atitudes. Maria é uma rainha que é a cara do Brasil. Na verdade, ela é o espelho do que eu quero ser", afirma Genildo.

Exposição

Além das fotos e do documentário, a exposição vai contar com uma instalação que faz referência ao Centro Espírita em que Maria Laurinda trabalha como mãe de santo. Na abertura, o público poderá assistir à apresentação do Grupo de Caxambu Santa Cruz, da comunidade quilombola de Monte Alegre, Cachoeiro de Itapemirim, além de saborear uma tradicional feijoada, herança da cultura negra para a culinária brasileira.

Homenageada

Maria Laurinda, ou simplesmente Maria, nasceu em 3 de junho de 1943 na Comunidade Quilombola de Monte Alegre, Distrito de Pacotuba, município de Cachoeiro de Itapemirim, sul do Espírito Santo. Como parteira, coveira, mestra de Caxambu, mãe de santo, líder comunitária, mãe e avó, Maria Laurinda está sempre à frente nas lutas por melhores condições de vida para sua gente.

Mãe solteira, ela enfrentou preconceito e abandono da própria família, além do desafio de criar sua primeira filha sozinha. Sem se deixar vencer pelas dificuldades, guiou-se pelos jongos de liberdade que lhe ensinaram a seguir com coragem, vencendo bravamente cada etapa da vida.

Generosa, compartilha sua experiência de vida no exercício pleno da cidadania ao participar de diversos conselhos e movimentos em favor da mulher, da luta campesina e da defesa da cultura popular. Diante das "invasões" contemporâneas, Maria Laurinda permanece firme como guardiã da cultura ancestral de sua comunidade.

Serviço

Exposição "Todas as faces de Maria"

Abertura: terça-feira (23), às 19 horas

Visitação: até 1º de dezembro. Terça a sexta, das 9 às 17 horas, sábados e domingos, das 12 às 16 horas

Local: Museu Capixaba do Negro (Mucane) - avenida República, 121, Centro

Informações: 3222-4560 / mucane@vitoria.es.gov.br