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Práticas antirracistas de professores da Educação Infantil reunidas em livro

Publicada em 15/12/2022, às 19h10 | Atualizada em 15/12/2022, às 19h16

Por Brunella França, com edição de Andreza Lopes


  • Educação de qualidade

Brunella França
Educação Infantil Antirracista
Brunella França
Educação Infantil Antirracista

O livro "Relações étnico-raciais na Educação Infantil - Diálogos com a literatura afro-brasileira e africana, corporeidade e danças populares" contempla em suas páginas parte das práticas pedagógicas antirracistas realizadas na Educação Infantil de Vitória. A obra, que reúne 16 autores, foi lançada na manhã desta quinta-feira (15), no auditório do Centro de Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo.

"Este livro é fruto de um esforço coletivo proveniente de um desejo compartilhado entre professoras e professores em transformar práticas e superar representações que colocam crianças negras e as suas famílias em condição de subalternidade nas instituições de Educação Infantil. Com base em reflexões coletivas sobre experiências pedagógicas que tematizam as manifestações culturais de matrizes africanas e afro-brasileiras, os textos presentes nesta obra problematizam os desafios e apresentam possibilidades para a materialização de um currículo decolonial, necessário para contemplar a diversidade étnico-racial que nos constitui e para afirmar, desde a Educação Infantil, uma educação antirracista", afirmou Sarita Faustino dos Santos, uma das organizadoras da obra, professora e membro da Comissão de Práticas Restaurativas da Secretaria de Educação de Vitória.

Segundo ela, as professoras e professores apresentam, em seus relatos, dúvidas, reflexões, preposições, sentimentos e afetos de profissionais que buscam uma educação mais equânime. "Fica evidente a importância e relevância do papel da professora e do professor para o processo educacional das crianças do município", destacou.

No lançamento, as crianças do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Carlita Corrêa Pereira, da Piedade, estiveram presentes para a apresentação cultural "Mulher preta", que a unidade de ensino levou para o Festival de Linguagens Integradas deste ano.

Parceria

Representando a Seme no evento, o gerente de Formação e Desenvolvimento em Educação, Truman Vieira, ressaltou a importância da parceria entre a universidade e a Secretaria de Educação na formação continuada de profissionais da educação.

"Desde 2017 temos essa parceria. A academia está junto com a educação básica para a formação continuada dos nossos profissionais. Quero fazer o reconhecimento para a importância dessa parceria. Falar de relações étnico-raciais é currículo, tem que estar em todas as unidades de ensino. E hoje temos aqui um material riquíssimo produzido por esse coletivo", parabenizou.

Integrante da Comissão de Estudos Afro-brasileiros (Ceafro) e da Comissão de Educação das Relações Étnico-Raciais (Cerer) da Seme, a professora Noélia Miranda também estava presente no evento.

"A nossa pauta está em nós, pessoas negras, mulheres negras, militantes da causa antirracista na educação. Acompanhei o início desse projeto que resulta nesse e-book, que traz o protagonismo das professoras e do professor. E como essas mulheres professoras fazem esse movimento acontecer. São nossas portas-bandeiras na educação antirracista. Esse material vai servir de inspiração para quem está chegando agora. A gente precisa caminhar junto, dar as mãos. Fazer educação antirracista não é fácil. O principal desafio é como fazer, e é importante mostrar os ingredientes", ressaltou.

Diretor do Centro de Educação Física da Ufes, o professor Otávio Guimarães Tavares da Silva enalteceu a parceria entre a universidade e a Seme. "Essa parceria é construída ao longo dos anos, não é algo episódico. É um trabalho continuado na educação básica, na Educação Infantil, que envolve as pessoas na produção coletiva. Desejo que o livro seja fruto de muitas atividades e muita inserção na formação das pessoas. Nós precisamos desconstruir o racismo estrutural no Brasil", afirmou.

Coordenador do Núcleo de Aprendizagens com as Infâncias e seus Fazeres (Naif - Ufes), o professor André da Silva Mello também está presente na produção do livro.

"Desde 2017, o Naif vem desenvolvendo essa parceria com a Seme na formação continuada com os profissionais da Educação Infantil. Damos visibilidade a práticas que são aplicadas no dia a dia. É a partir dessa relação colaborativa que podemos construir conhecimentos que sejam relevantes tanto para a universidade quanto para o professor que está na sala de aula. Essa formação objetiva enfrentar a questão do racismo estrutural, que tem que acontecer desde a Educação Infantil, esse racismo que coloca crianças e famílias negras ainda em condição de subalternidade", disse.

O livro

A obra "Relações étnico-raciais na Educação Infantil - Diálogos com a literatura afro-brasileira e africana, corporeidade e danças populares" é a culminância do processo formativo de mesmo nome, realizado no formato híbrido no ano de 2021, fruto da parceria entre o Naif e a Seme.

"Esperamos que o livro seja uma referência para profissionais preocupadas e preocupados com uma educação antirracista que respeita e valoriza as crianças nas suas múltiplas linguagens, diferentes culturas, territórios, raça, cor, etnia, religiosidades, corporeidade, musicalidade, ancestralidade, oralidade e outros saberes", desejou Sarita.

Conheça os autores

  • André da Silva Mello
  • Bianca Pereira Carvalho
  • Érica Bolzan
  • Erika de Jesus Schulz
  • Fátima Rogéria Sá Silva Gomes
  • Fernanda Mendes Franco
  • Flávia Souza Rocha Lima
  • Geane Teodoro Damasceno
  • Gisléa Vieira
  • Jailza de Paula Lessa
  • João Emídio Rodrigues Loureiro
  • Marina Zanchetta Vieira
  • Michelle Cristina Duarte Gomes
  • Rafaela Faria Fávero
  • Rosemary Coelho de Oliveira
  • Sarita Faustino dos Santos
Brunella França
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