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O Sambão é do Povo: PMV faz do Carnaval Capixaba um patrimônio cultural

Publicada em 04/02/2025, às 15h25 | Atualizada em 04/02/2025, às 15h29

Por Eduarda Miranda (eosmjesuseira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes


Marcos Salles
Mocidade da Praia
O Sambão do Povo foi erguido em apenas 112 dias. (ampliar)

Muito antes dos desfiles no Sambão do Povo, o Carnaval de Vitória já ocorria no Centro da cidade, antes mesmo de 1880. A festividade, no entanto, era completamente diferente da conhecida hoje.

O Carnaval capixaba nasceu nos morros do coração da cidade, e seu trajeto inicial ainda não era conhecido como desfile, mas, sim, um passeio. Mesmo assim, os foliões já utilizavam fantasias e atravessavam as ruas mais importantes do Centro.

Nessa época, quando a população não estava nas ruas "brincando" de Carnaval, estavam em clubes bem requisitados. Este era, e continua sendo, o evento do ano, marcado pela vinda em massa de visitantes, que mobilizam a economia local.

Por muito tempo, o Carnaval de Vitória foi elitizado. Para entrar nos clubes, havia diversos requisitos. O Parque Moscoso foi palco de um momento decisivo na história da folia capixaba, pois, nele, os desfiles começaram a ser de fato do povo, em 1910.

Nos bairros Santo Antônio, Vila Rubim, Cruzamento e Santa Lúcia, o Carnaval já tomava mais corpo, e lá foram produzidas as primeiras carrocerias de caminhões alegóricos, que hoje dão espaço para os carros. Por fim, foi estipulado que as festas realizadas em clubes terminassem nas ruas, na Praça Costa Pereira.

Virada do século e surgimento das escolas de samba

A virada do século e suas novas tecnologias, como gramofones, discos e rádios, mudaram toda a forma de se fazer os festejos de Momo, outra forma pelo qual o Carnaval era conhecido. Nas ruas capixabas, já se ouviam os maxixes, lundus e sambas, o que ressalta a presença afro nos costumes carnavalescos.

As escolas de samba nasceram das batucadas, dos morros de Vitória. Os grupos Chapéu de Lado e Mocidade da Fonte Grande foram pioneiros nesse quesito.

Seguida de uma multidão, no Carnaval de 1955, a escola de samba Unidos da Piedade desce o Morro da Fonte Grande e desfila com todos os seus participantes sobre a passarela que a prefeitura de Vitória havia montado em frente ao palácio, dando início a uma nova era do carnaval capixaba.

No coração da cidade, ecoava a marchinha que remete aos antigos carnavais e confrontava as festas de clube. Ao som de "a estrela dalva no céu desponta e a lua anda tonta, com tamanho esplendor", a escola Piedade levava para as ruas a paz que reinava no morro.

Prefeitura de Vitória
Imperatriz do Forte
Finalizado em 1987, passou a abrigar os desfiles do Carnaval de Vitória, que chegou a ser conhecido como o segundo melhor do país, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro. (ampliar)

Sambão do Povo

Erguido em apenas 112 dias, com a força de cidadãos, foliões e sambistas e finalizado em 1987, o Sambão passou a abrigar o Carnaval capixaba, que chegou a ser conhecido como o segundo melhor do país, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro. Foi de grande peso para a boa classificação da folia de Vitória. Mas, mesmo sendo para o povo, sempre houveram controvérsias ao se pôr em prática o fazer carnaval.

Após anos de dificuldade de acesso da população aos desfiles, segregação em quem podia ou não fazer parte de uma escola e diversas outras limitações, o Sambão finalmente tem começado a ser do povo, através de ações como ingressos sociais e capacitações para vendedores ambulantes.

Hoje, o evento se destaca não apenas como espetáculo cultural, mas como motor para a economia local, beneficiando setores como hotelaria, gastronomia, transporte e costura, além de elevar a autoestima da população.


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