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Mês da Mulher: Protagonismo, empoderamento e emoção no Centro Pop
Publicada em 21/03/2022, às 15h00 | Atualizada em 21/03/2022, às 17h59
Por Rosa Blackman (rosa.adrianaeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes
Para marcar o fechamento das festividades alusivas ao Dia da Mulher, o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop), localizado em Mário Cypreste, promoveu um bate-papo com mulheres e homens em situação de rua, atendidos no espaço, com o olhar da filosofia. O dia também foi de apresentações culturais protagonizadas por mulheres usuárias do Centro Pop.
Uma delas foi Giovana Souza, de 25 anos, mãe de três filhos. Na ocasião, Giovana dançou embalada pela música "Dona de Mim" da cantora Iza. Giovana contou que a escolha da música não foi aleatória. "Essa música tem a ver com minha própria história. Eu saí de casa com 12 anos de idade. Por tanto dizer sim, agora eu digo não. Fugi porque sofria todos os tipos de violência dentro de casa com um ex-marido", revelou.
Quando perguntada para quê diz "sim" e, para quê a resposta é "não", Giovana é direta. "Digo, não: à intolerância e a todas as formas de violências. Digo, sim: para o meu amor próprio. Quero ter uma vida estruturada. Ter uma família. Ter ao meu lado uma pessoa que me ame", complementou.
Se ela tem sonhos? Giovana se emociona e conta que hoje, seu maior sonho é um dia trabalhar ajudando mulheres a saírem da condição de situação de rua. "Quero ter um carro. Mas, vou usar para andar pela cidade, parar nas calçadas para conversar e convencer essas mulheres a voltarem à vida. Quero ser exemplo vivo de que é possível dizer não às drogas, ter uma vida digna, uma família", falou Giovana.
Outra que teve seu momento especial foi Ludmila Baptista Lourenço. Ex-dançarina de grupos de rap, Ludmila disse que a dança a faz voltar no tempo antes de estar na situação de população de rua e, a lembrar dos filhos. Apesar de há 12 anos viver nas ruas, ela contou que ainda pensa na sua reinserção na sociedade. "Aqui (Centro Pop), voltei a estudar e frequento as oficinas. Quero poder voltar para a minha casa; vencer meus monstros; e sair das ruas", afirmou Ludmila.
O coordenador local do Centro Pop, Mauro Souza Motta, destacou a importância de se fazer atividades que dão cada vez mais "voz" às mulheres. "Elas estão em número menor nas ruas e, até mesmo, como usuárias dos serviços ofertados pelo Centro Pop. Mas, elas estão em condições de maior vulnerabilidade. Cada vez mais estamos atentos às necessidades e demandas específicas das mulheres. Já faz parte da dinâmica do atendimento um grupo, exclusivamente, para que essas mulheres possam se expressar, se colocarem, apresentarem suas demandas com as perspectivas da mulher", explicou.
Mauro explica que, a partir da vivência num grupo só de mulheres, muitas delas passam a compreender a importância de tomarem suas próprias decisões, independentemente, das relações com os seus companheiros. O Centro Pop é um espaço público específico para as pessoas que usam a rua como espaço de moradia e de sustento.
Para a secretária de Assistência Social, Cintya Schulz, a celebração do mês da Mulher é mais uma oportunidade de reforçar o trabalho da rede socioassistencial, os vínculos e a convivência. "Durante esses eventos podemos fazer abordagens a cerca de temas como combate à violência, empoderamento feminino e autonomia financeira e debatê-los de forma ainda mais leve entre os técnicos da rede e as usuárias dos serviços", comemorou Cintya.