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Baile das Antigas dá o ritmo em festa no Centro de Convivência de São Pedro
Publicada em 18/12/2024, às 16h00
Por Rosa Blackman (rosa.adrianaeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes
Ao som de músicas "das antigas", tocadas pela banda Sexteto Sonatha, idosos participantes do Centro de Convivência São Pedro lotaram a sala de oficinas do Centro de Artes e Esportes Unificado (CEU), em Santo André, que se transformou em um grande salão de festa.
Assim que recebeu o comunicado da programação de final de ano, a idosa Rosa Maria Gomes, de 73 anos, disse que separou a melhor roupa para vestir naquela ocasião. Para compor o look ela calçou um salto alto anabela que desfilava e dançava com desenvoltura. "Estou me sentindo muito bem. Tinha que vir a altura da festa", comentou ela.
Com a mesma animação, Sônia Oliveira, 71, contou que o repertório a fez se transportar para a infância, para os tempos dos namoros da adolescência e se sentir viva. "Traz uma emoção muito gostosa. É muito bom estar aqui", comentou. Do outro canto do salão, o casal Gilson Nascimento e Sebastiana Bastos permanecia sentado até a terceira música, quando se juntaram a outras pessoas idosas na pista.
Gilson comentou que sempre gostou de música, de festas, mas pelo valor dos ingressos há anos não frequenta um lugar para dançar. "Estou muito feliz. A nota que dou é mil. Dancei todos os ritmos, Estou me sentindo muito bem", falou ele.
Acompanhando atenta os passos das colegas do grupo, Jesuína Paiva, de 84 anos, disse que não gosta de dançar, embora já tenha dançado muito em outras épocas da vida. "Agora, as pernas não aguentam mais. As pernas não firmam mais para bailar. Agora, me divirto vendo elas dançando. É muito bom ver também", falou apontando para a colega de grupo Ana Dinalva Queiroz, 65.
O que levou a perguntar a Ana Dinalva, de onde tirava tanta animação e fôlego para sambar, dançar pagode, sertanejo e até um pouco de rock. Ela respondeu sorrindo: Vou operar da cabeça em janeiro. Eu tenho um coágulo na cabeça. Então, decidi aproveitar tudo que posso. Eu não sei como as coisas vão estar em janeiro. Estou aproveitando a minha vida hoje. Amanhã vejo como lido com as dores. Hoje é só alegria", destacou ela.
Dinalva contou que nunca teve uma vida fácil, mas desde que começou a participar das atividades no Centro de Convivência as coisas mudaram. "Eu cheguei mais morta do que viva. Mas fui muito bem acolhida por ela (apontando para a trabalhadora Leyna Matos). Ela me deu opções, incentivo. Mudou a chave na minha vida. Hoje, tenho mais alegrias do que dores", comemorou ela.
As amigas Maria Umbelina Lopes, 65, Cecília Rosa da Conceição, 73, e Júlia Bispo Braga, 73, estavam no baile para celebrar as conquistas de 2024. Quando questionadas sobre quais eram, a idosa Julia foi a primeira a responder. "Este ano voltei a estudar. Estou fazendo EJA (Educação de Jovens e Adultos). Agora, depois de dez anos de separada comecei a frequentar aqui, e só coisas boas aconteceram. Esta festa está trazendo lembranças boas, da juventude, de antes de casar. Quando casei fui proibida de tudo até de ir a igreja. Hoje, faço tudo. Comecei a frequentar o NISPI, que amo", contou ela.
Estudar também foi apontado por Maria Umbelino como uma grande vitória na sua vida. "Não tive tempo de estudar quando criança, porque trabalhava na roça com meus pais. Na juventude, na cidade, casei e fui cuidar de filhos. Agora, aqui no Nispi estou tendo a oportunidade de estudar e lutar para alcançar meu objetivo de fazer uma faculdade e me tornar assistente social", comentou ela.
Para a coordenadora do Centro de Convivência, Karine Juvêncio, o baile proporcionou alegria, conexão e acolhimento, além de fortalecer os vínculos entre os participantes e a equipe. "Ver o sorriso no rosto, os pés deslizando no salão e os relatos emocionados nos mostra que estamos no caminho certo na construção de um envelhecimento ativo.
A secretária de Assistência Social de Vitória, Cintya Schulz, aponta que o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) para a pessoa idosa tem este único objetivo trazer as lembranças positivas de uma vida que muitas vezes não foi fácil mas a experiência de que ainda há muito para se viver. E estes momentos fortalecem o que cada pessoa idosa representa para seus territórios e ainda mais com música que alcança níveis de felicidades que remetem a outras lembrança.s