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Gincanas, teatro e diversão animam semana dos alunos surdos da rede municipal
Publicada em 04/10/2013, às 18h11
Por Carmem Tristão, com edição de Matheus Thebaldi
Conhecimento, cultura e muita diversão marcaram a semana de quem utiliza as mãos para falar e os olhos para ouvir. É que foi encerrada nesta sexta-feira (4) a Semana de Valorização da Cultura Surda 2013, promovida pela Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Adevalni Sysesmundo Ferreira de Azevedo, em Jardim Camburi.
A programação, em comemoração ao Dia do Surdo (26/9), incluiu 63 alunos surdos de sete unidades escolares da rede municipal, que participaram de teatro, gincanas e visitas à Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) e à Escola da Ciência-Física.
"Antigamente, a gente não tinha essas atividades diferentes. Eu mesma só ficava em casa, não tinha contato com ninguém. Quando as escolas começaram a fazer essa programação, a gente passou a fazer visita a outros lugares, a gente faz aula de campo e experimenta coisas diferentes. E aí a gente fica sabendo como são outros ambientes. Na Escola da Ciência – Física, por exemplo, eu consegui entender tudo com muita facilidade", disse Brunna Ramos, 16 anos, aluna da 7ª série da Emef Aristóbulo Barbosa Leão, que também é passista do Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Piedade.
"Foi muito bom ter contato com outros surdos, outros intérpretes, porque, às vezes, a gente não se encontra. E quando nos encontramos, trocamos ideias, informações sobre como estão as escolas, as dificuldades que a gente tem. No contato com outros surdos, a gente conversa, brinca, participa de gincanas, como hoje (sexta), que ainda teve apresentação de teatro. Foi bem legal encontrar antigos conhecidos e fazer novos amigos. Quero continuar participando de encontros como o dessa semana", disse Thallia Lino, 16 anos, aluna da 7ª série da Emef Adevalni Sysesmundo Ferreira de Azevedo.
O professor de Libras Daniel Junqueira de Carvalho, que também é surdo, esteve bastante envolvido com a organização da Semana de Valorização da Cultura Surda 2013. Ele avaliou como muito positiva a participação de todos. "Os alunos ouvintes, por exemplo, participaram e queriam mais atividades. A gente está vendo aqui surdos de todas as idades e a cultura acontece nesses ambientes. Se eles estiverem separados, se a gente pensar só na sistematização de conteúdos, a gente perde essa questão da cultura. E a gente vê que os surdos aqui estão animados, estão participando, estão se divertindo, e isso é uma questão de cultura", disse o professor.
Diretrizes
Atendendo às diretrizes da Política Nacional de Educação Inclusiva, a Secretaria Municipal de Educação implantou na rede de ensino de Vitória, em 2008, a Política de Educação Bilíngue para os alunos surdos. Ela consiste no respeito à singularidade linguística do aluno com surdez em seu processo de ensino e aprendizagem. Dessa forma, ele aprende a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como primeira língua e a língua portuguesa escrita, como segunda língua.
Atualmente, sete escolas municipais possuem uma equipe de 16 professores bilíngues, 21 tradutores, cinco professores de Libras e 12 instrutores de Libras (esses dois últimos cargos são preenchidos por profissionais surdos) para atender 55 alunos matriculados em cinco escolas municipais e oito alunos em dois Centros Municipais de Educação Infantil.