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Solenidade de doação do antigo Clube Saldanha da Gama será nesta terça-feira

Publicada em 03/12/2018, às 16h45 | Atualizada em 03/12/2018, às 17h30

Por Deyvison Longui (dlbatistaeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Matheus Thebaldi


Elizabeth Nader
Saldanha da Gama reformado em 2010
Após obras de restauração, sede do Saldanha da Gama poderá abrir Museu da Colonização

O prefeito de Vitória, Luciano Rezende, assina, nesta terça-feira (4), a lei municipal que autoriza a doação da antiga sede do Clube de Regatas Saldanha da Gama, situado em Forte São João, ao Serviço Social do Comércio no Espírito Santo (Sesc-ES) .

A solenidade está marcada para as 9 horas, no próprio Saldanha da Ganha, e contará com a presença do presidente de Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, e do superintendente do Sesc-ES, Gutman Uchoa de Mendonça, além de convidados.

Com a assinatura do documento, o Sesc-ES, órgão ligado à Fecomércio-ES, poderá implantar no local o Museu da Colonização e da Imigração do Espírito Santo, além de realizar obras de restauração da edificação.

Atração cultural

"Com a doação, o objetivo é transformar aquela edificação histórica numa importante atração cultural para a cidade, assim como foi realizado com o Teatro Glória", destacou o presidente da Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri, enfatizando ainda a importância da parceria com a Prefeitura de Vitória para efetivação do projeto.

Ainda de acordo com Sepulcri, os próximos passos após a doação da edificação são fazer a transferência do imóvel e iniciar e elaboração do projeto de recuperação, preservando a sua arquitetura, que é tombada como patrimônio histórico.

"Como uma inovação, estudamos colocar um elevador panorâmico com vista para a baía de Vitória, dando mais atratividade turística ao imóvel. Esperamos que, em dois anos, as obras propostas estejam concluídas", apontou o presidente da Fecomércio-ES.

Turismo e cultura

Para o presidente da Companhia de Desenvolvimento, Inovação e Turismo de Vitória, Leonardo Krohling, o evento é mais um grande passo rumo à revitalização do Centro. 

"O antigo Clube Saldanha da Gama passará a ser um local de valorização da nossa história. Estamos na expectativa para ver esse equipamento funcionando e acreditamos que ele vai seguir a linha dos museus mais modernos que a gente tem hoje no Brasil e no mundo, com bastante interatividade e inovação em suas instalações", apontou.

Aquisição

A Prefeitura de Vitória adquiriu a antiga sede do Clube Saldanha em 2006, por R$ 2,1 milhões. A edificação possui 2,5 mil metros quadrados.

O clube atualmente funciona em espaço próprio (12 mil metros quadrados) ao lado da edificação, que vai do ginásio até a garagem de remo. A muralha é tombada a nível estadual como de interesse histórico.

Durante a primeira etapa de melhorias realizadas para abrigar, em 2010, a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Semesp), foram descobertas paredes que podem datar do século XVIII, feitas com conchas, na parte interna do prédio.

A edificação já recebeu visitas ilustres, como o príncipe Dom Pedro de Orleans e Bragança (família real brasileira) e do presidente da República João B. Figueiredo. Nas grandes festas, apresentaram-se Gal Costa, Maysa, Cauby Peixoto, Luiz Gonzaga, Emilinha Borba, Dorival Caymi, entre outros.

História

Carlos Antolini
Saldanha da Gama reformado em 2010
Edificação será doada para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES)

O Forte São João - atualmente conhecido como Saldanha da Gama - foi construído, no início do século XVIII, para ser uma fortaleza e proteger a ilha de Vitória de invasões estrangeiras. Depois, funcionou como cassino e foi, durante décadas, sede de um tradicional clube de regatas da cidade – o que lhe valeu o nome pelo qual é conhecido até hoje.

Tudo começou em 1592, quando o pirata inglês Thomas Cavendish se aproximou com sua esquadra da ilha de Vitória, depois de um saque bem-sucedido a Santos, Estado de São Paulo.

Para se defenderem dos invasores, os habitantes da Vila de Vitória improvisaram, com madeira, pedras, areia, dois fortes na baía: um na base do Morro do Penedo e outro no Morro do Vigia. Depois da expulsão dos piratas, o forte do Penedo foi gradativamente desativado. Já a construção erguida do outro lado da baía foi mantida e deu origem ao Forte São João.

Muralha e canhões

Entre 1678 e 1682, a fortaleza passou por um processo de recuperação, mas foi em 1726, com um projeto do engenheiro Nicolau de Abreu, que o Forte São João foi erguido. A estrutura, com um pavimento, contava também com muralha de proteção, merlões, canhoneiras e 10 canhões. Data de 1767 o registro da primeira planta do forte, feita pelo engenheiro José Antônio Caldas.

Em 1808, o Forte São João foi ampliado, com a construção, ao fundo, de uma área mais alta que as demais. Depois de oito décadas e de muitas batalhas em defesa do território, o forte foi desativado. A edificação e o seu entorno foram vendidos e a área passou a se chamar Chácara do Bispo.

Em 1924, a edificação foi comprada, reformada e ampliada, passando a contar com três andares e uma entrada para o pavimento superior, pela avenida Vitória. A fachada também sofreu grande mudança, ganhando um aspecto eclético. No local iniciaram-se as atividades do Cassino Trianon, que lá funcionou até 1930.

Clube se instala nos anos 30 e transforma uso de prédio

O prédio do antigo Forte São João foi oficialmente comprado pelo Clube de Regatas Saldanha da Gama em 1931. Para empreender mais uma reforma na edificação, em 1934 contratou-se André Carloni, renomado construtor da época. A construção ganhou um passadiço e nova sacada. O salão foi ampliado e a fachada, modificada. Na década de 40, o prédio já contava com cinco pavimentos, incluindo o térreo e as duas torres.

O pátio, que antes abrigava brinquedos, como um carrossel, passou a ser espaço aberto à prática de esportes, festas e solenidades. No local, jogavam-se basquete e futebol e também batizavam-se os barcos de remo, esporte que era orgulho do clube.

Quando foi oficialmente comprado pelo Clube de Regatas Saldanha da Gama, em 1931, o prédio do antigo Forte São João ainda estava às margens da baía e esportes como o remo, a natação e o polo aquático eram muito praticados pelos atletas do clube.

Uma piscina flutuante era montada na baía com a ajuda de barcos e bóias, que demarcavam as margens, para a disputa das provas de natação e jogos de pólo aquático.

A intensa prática de esportes levou atletas do clube a se destacarem estadual e nacionalmente. O mais brilhante da história do Saldanha da Gama foi o desportista Wilson Freitas que, remando, levou a tradição do Saldanha para fora do Espírito Santo. Em sua homenagem, seu nome foi dado ao ginásio que o clube construiu ao lado do antigo forte e seu túmulo foi decorado com a escultura de um barco de remo.

Prédio permanece com o nome Saldanha da Gama

O antigo Forte São João passou a se chamar Clube de Regatas Saldanha da Gama, quando em 1931 começou a abrigar oficialmente a sede social do clube. O nome é uma homenagem ao almirante Luís Filipe Saldanha da Gama, que nasceu em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, em abril de 1846.

Durante os anos que ocupou o prédio, o clube, fundado em 1902, marcou a vida de moradores de Vitória. A edificação -que em breve abrigará o Museu da Colonização do Solo Espírito Santense - avança na história com o nome Saldanha da Gama, conservando parte do que representou na vida dos capixabas.


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