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Projeto para homens agressores completa cinco anos com mais de 100 atendimentos

Publicada em 16/05/2017, às 07h00

Por Josué de Oliveira, com edição de Matheus Thebaldi


Arquivo PMV
Cavvid
Homens acusados de agredir mulheres participam de espaço de reflexão e aprendem a lidar com situações de conflito

Prevenir e reduzir a violência contra a mulher. Esses são os principais objetivos do programa Espaço Fala Homem. A iniciativa, que é pioneira no Espírito Santo, está completando cinco anos e, nesse período, mais de 100 homens acusados de agressão já passaram pelo atendimento.

O serviço é uma parceria entre a 1ª Vara Especializada em Violência Doméstica e o Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cramsv) da Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos (Semcid).

Nos encontros, realizados por uma equipe psicossocial, são abordados temas como Lei Maria da Penha, violência, relação amorosa e comunicação não violenta. A ideia é fazer com que eles reflitam sobre como lidar diante de determinadas situações de conflito do dia a dia.

Melhor comportamento

Um motorista de 27 anos foi um dos participantes do Fala Homem e contou que, a partir do momento que começou a participar das turmas, mudou completamente seu comportamento. Denunciado pela ex-companheira, ele contou que já consegue enfrentar melhor essas situações de conflito familiar.

"Esse encontro me ajudou muito. Estou mais calmo, tranquilo e sabendo também mais sobre as leis. Para mim ,está sendo muito bom participar desses encontros", disse.

Segundo ele, o que é aprendido nas reuniões também é passado para os amigos. "A gente aproveita para orientar também os casais de amigos, ajudando a evitar outros conflitos entre eles também", destacou.

Ciclos

De acordo com a coordenadora da Cramsv, Lorena Padilha, já foram feitas oito turmas, com 101 homens acusados de agressão. Só este ano, a meta é fazer de dois a três ciclos de atendimentos com encontros semanais.

Segundo Lorena, para tratar da violência contra a mulher, é necessário adotar uma abordagem empática, que não significa endossar ou minimizar a responsabilidade do agressor, mas sim, compreender o ato violento como resultado de elementos associados à sua condição.

"O ato violento é passível de responsabilização, o que já ocorre com os homens participantes, mas um trabalho desse porte oportuniza a reflexão do processo que desencadeou o ato violento. Sobre isso, precisamos conversar sim e desnaturalizar atitudes violentas", destacou ela.

Segundo ela, em todos esses anos, o trabalho desenvolvido vem dando resultados, já que não houve nenhum registro de casos de reincidência de violência praticada por homens que passaram pelo grupo.

Saiba mais

Os homens são encaminhados para o grupo através da avaliação da equipe técnica da Cramsv e também do acompanhamento psicossocial realizado na 1 ª Vara Especializada em Violência Doméstica.

A participação dos encontros pode ser por determinação judicial ou voluntária. Nas reuniões, os homens participam de discussões, esclarecimentos e construção de outros significados de respostas à violência.


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