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Pessoas em situação de rua têm um "anjo" no Centro-Pop

Publicada em 05/07/2019, às 15h38 | Atualizada em 05/07/2019, às 16h00

Por Paula M. Bourguignon, com edição de Matheus Thebaldi


Guiomedce Paixao
Centro pop Jupiara
Jupiara Francisco Cruz Júlio da Silva promove oficinas e melhora autoestima das pessoas em situação de rua no Centro-Pop
Guiomedce Paixao
Centro pop Jupiara
Ana Cláudia e Patrícia são alunas das oficinas e destacam a diferença que as atividades no Centro-Pop já fez na vida delas

Através das suas mãos e do seu sorriso amoroso, a costureira, artesã, figurinista e empreendedora Jupiara Francisco Cruz Júlio da Silva, de 48 anos, inspira a vida, há dois anos, das pessoas em situação de rua que frequentam diariamente o Centro de Referência Especializado de Assistência Social para População de Rua (Centro-Pop), em Mário Cypreste.

Ela oferece para os assistidos oficinas de custura, usando retalhos, colchas e panos de prato, e de artesanato, ajudando-os a produzir vasos de material reciclável com a caixa de leite.

"Aqui é um espaço de convivência, onde eles gostam de estar. Realizamos várias rodas de conversa, em que todos se ajudam e dão ideias. Há uma interação muito grande por parte deles".

Infância

Jupiara é natural do Rio de Janeiro e chegou a Vitória quando tinha 18 anos. Sua avó, sua mãe e sua tia eram costureiras e seu irmão trabalhava em fábrica como cortador.

"Meus pais separaram quando era muito nova e minha infância foi muito sofrida. Aos poucos, fomos superando porque eu queria ter uma nova história. Toda oportunidade que tinha de ir para a fábrica aprender a trabalhar com costura, eu ia. Sou formada em técnica de figurino, especializada em circo. Estou há 10 anos no Circuito Cultural. Foi onde eu me descobri como artesã, participei da primeira turma de estamparia em tecido, mosaico e pintura em tecido. Estou casada há quase 27 anos e minha família é toda na área de costura. Dos meus cinco filhos, quatro são artistas ou educadores sociais. Isso é contagiante", comentou Jupiara.

Oportunidade

"Com certeza, Jupiara está fazendo a diferença em minha vida. Através dessa oficina de caixa de leite, fizemos vasos de flores. Sinto que estou evoluindo, sinto que sou capaz. Melhorou muito minha autoestima. Ela também sempre tem uma palavra de conforto", disse a aluna Ana Cláudia Evangelista, de 40 anos.

"Eu gosto de aprender a costurar. Não sabia pegar uma linha e ano passado iniciei aqui. Através da costura, faço colchas de retalhos e os figurinos dos eventos que temos no Centro-Pop. Aos poucos, vou ficando cada vez mais interessada e assim vou ficando longe das substâncias químicas e das bebidas. Tudo que estou conquistando hoje é graças à Jupiara e a sua paciência", comentou a assistida Patrícia de Avezedo, 51.

"Para mim, passar o conhecimento é motivador. Porque eu sei que estar nas ruas para essas pessoas é algo momentâneo. Quando eles passam a acreditar neles próprios, eles começam a construir uma nova história. Estamos construindo novas oportunidade na vida de cada um e na minha, por acreditar no potencial de cada um", explicou Jupiara.


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