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Cajuns de Itararé e Bonfim fazem ação de combate ao trabalho infantil
Publicada em 19/06/2019, às 13h15
Por Paula M. Bourguignon, com edição de Matheus Thebaldi
"Criança não pode trabalhar. Criança tem direito a estudar. Ela pode até ir com os pais passear. Ou ir até o Cajun para se matricular...". Esse é o refrão da paródia produzida na oficina de música do facilitador Eduardo Martins.
Foi com essa melodia que a criançada dos Cajuns do Bonfim e Itararé caminharam na praça de Itararé, nesta quarta (19), com cartazes e cataventos alusivos ao dia 12 de junho (Dia Nacional do Combate ao Trabalho Infantil).
Com o objetivo de mobilizar e sensibilizar a comunidade de Itararé, cerca de 70 crianças e adolescentes participaram da ação com educadores sociais, assistentes sociais e coordenadores dos Cajuns.
Conscientização
"As pessoas precisam se conscientizar sobre essa causa do trabalho infantil", disse o feirante Deval de Araujo.
"Muitas vezes a criança fica trabalhando para ajudar os pais. Devemos alertar os pais sobre isso. A criança precisa aproveitar todas as fases da vida", disse a moradora do Bairro da Penha Márcia Meneses Lemos.
"Acho que criança não pode trabalhar vendendo balas e doces no sinal. Infância deve ser para brincar e estudar. No Cajun, eu faço atividades de capoeira, dança, música e artes", disse Mikael Pyere Santos Rocha, de 10 anos.
"Gosto de brincar e me divertir e estudar. Aproveito muito esse tempo que posso sempre", comentou Amanda Rodrigues Nascimento, de 9 anos.
"É muito desigual as crianças que têm que trabalhar para sustentar suas casas. A infância deveria ter projetos iguais ao Cajun para todos", afirmou a jovem Alanna Julia Vaillancourt.
"A criança tem direito a estudar, brincar e se divertir. Criança não deve trabalhar", explicou a assistente social do Cajun de Itararé, Lorena Fortunato Goulart.
"Acompanhamos a realidade nas feiras do município e vemos várias crianças que frequentam atividades nos Cajuns e, no final de semana, fazem pequenos serviços nas feiras, a fim de ajudar as famílias em casa ou ter uma roupa melhor. Estamos tentando sensibilizar os adultos que não devemos expor as crianças ao trabalho infantil. Devemos incentivar elas a estudar e praticar esporte", comentou o educador social de capoeira Fabrício Abelardo Antônio.
Impacto
"Muitas vezes, as pessoas ainda não conseguem enxergar o trabalho infantil como algo prejudicial nessa fase da vida. Sabemos que a criança precisa do seu tempo e de um tempo integral para ir à escola, brincar e conviver nesses espaços que a Assistência Social oferece, como os Cajuns, onde temos atividades como música, circo, capoeira, dança e jogos, brinquedos e brincadeiras", explicou a coordenadora do Cajun de Itararé, Maíla Santos Oliveira.
Autonomia
"Estamos em um território onde o índice de trabalho infantil é muito grande. Trabalhamos com as crianças, principalmente, para garantir a sua autonomia. Queremos conscientizar elas do que seria certo e o que seria errado. Conseguimos a partir disso que elas levem para as famílias e para a própria comunidade. Essa caminhada é importante para atingir o bairro de uma forma mais incisiva, onde eles estão dando o exemplo. Criança não deve trabalhar", ponderou Frederico Oliveira, coordenador do Cajun de Bonfim.